domingo, 25 de maio de 2008

10ª aula (28/5)


Sumário:
- visionamento crítico do filme «Manobras na Casa Branca»; um «spin doctor» de ficção
- visionamento de mais um episodio de Os Homens do Presidente

Notas críticas sobre o filme “WAG the DOG” (MANOBRAS NA CASA BRANCA):

Sinopse/contexto da história:
Assessores do presidente dos EUA sabem que o jornal Washington Post “de amanhã” vai publicar uma notícia envolvendo o presidente e uma jovem que este levou para a “Sala oval” da Casa Branca (referências indirectas ao então presidente Bill Clinton, 1993-2001); a jovem acusa-o de assédio sexual! Faltam 11 dias para as eleições e o presidente recandidata-se! Ao saber disto, o presidente manda chamar Conrad Brean, especialista em “manobras de diversão”; este e o produtor de Hollywood (Stanley Motss) vão criar uma ficção – ao pormenor – que vai distrair a comunicação social, as eleições e o outro candidato…

Frases e ideias de CB e do produtor SM:
CB : (sobre o escândalo e as acusações da rapariga) “não interessa se é verdade”
CB: presidente tem de ficar mais um dia na China, digam que ele adoeceu
CB: inventa uma hipotética referência a um novo bombardeiro, que não existe; a ideia é fazer constar mas nunca dizer que não existe (ou que existe…)…
CB: “inventar uma crise”
CB: vai ser preciso realizar uma conferência de imprensa (inventar)
CB: é preciso distraí-los 11 dias; “estou a trabalhar nisso”…
CB: depois de 240 soldados americanos terem morrido em Beirute, o antigo presidente Reagan decidiu invadir Grenada… [23 de Outubro de 1983: um ataque islâmico mata 240 soldados em Beirute; o ataque a Grenada acontece a 25 de Outubro]
CB: “não vai haver guerra mas a essência da guerra” (“appearance”)
CB: peça ao portavoz para fazer um comunicado a negar a Albânia (que ele próprio inventou…)
CB: portavoz mente e fala do estado de saúde (já o escândalo foi revelado)
CB: “guerra é show business”
CB: o povo ou o público têm de saber? “A verdade não interessa”
Produtor: “é um teaser…” - a partir das primeiras “manobras de diversão”, os jornais passaram o escândalo para as páginas interiores e puseram a guerra na primeira
CB: “vamos entrar em guerra com a Albânia daqui a 30 minutos”
CB: “O senador Neal descobriu alguma coisa? Isso não me importa, temos uma guerra”
- as imagens são passadas à imprensa/televisões e logo transmitidas
- inventam a cena da chegada do presidente (encenação), até a chuva…
A CIA: “não há nenhuma guerra”;
CB: “mas eu vejo-a na TV!”
CB: “o senador rival acabou com a guerra?! Ele não pode acabar com a guerra, só acaba quando eu disser”
CB: é “um caso sórdido”
Produtor: “isto é política ao melhor nível” - elaboram o discurso que o presidente vai ler
Produtor: “não me divertia tanto desde o directo da TV”
CB: “isto é como ser canalizador”
- inventam uma música, que mandam arquivar na Biblioteca no Congresso com uma data falsa e que passam para a comunicação social, com a ideia de que já existia e foi agora “descoberta”
- inventam tudo, até a moda de atirar velhos sapatos para árvores e postes, em homenagem ao pseudo-soldado desaparecido na Albânia (old shoe) CNN dá a notícia do soldado desaparecido… Produtor: “não há nada como o show business”
CB: dita as notas de imprensa, coordena a chegada do soldado preso
CB: afirma-se um perito em nunca revelar nada
CB: manda matar o produtor, quando percebe que este não se consegue calar com os resultados (SM quer os créditos/mérito…); a imprensa diz que o produtor morreu de ataque cardíaco…
- o presidente é um produto de publicidade…
- a única vez que há uma preocupação com a lei ou com o que a imprensa pode descobrir é quando têm um acidente e são recolhidos por um imigrante ilegal (que nem inglês fala); é imediatamente legalizado… (é sarcástico, como é que esta é a única preocupação a sério…)

Notas finais:
Trata-se de uma PARÓDIA/RIDICULARIZAÇÂO, uma vez que seria impossível a comunicação social nada descobrir. E havia tantas pontas soltas (até o acidente de avião), nomeadamente o facto de nada se passar na Albânia (qualquer jornalista no local, e iriam jornalistas para o local, perceberia isso); mas demonstra SIMBOLICAMENTE:
- como a comunicação social é manipulada com alguma facilidade e “come” as coisas que lhe dão, muitas vezes sem qualquer atenção;
- como há quem, num gabinete com um telefone (e devidos meios), possa controlar tudo, os “spin doctors”, expressão que não aparece;
- o SD é alguém que leva a sério todas as implicações da função (ao contrário do produtor, que não se aguenta…), desde a discrição (até na roupa que veste) ao silêncio; mas também é, logo na primeira fala, apresentando como “Mr. Resolve Tudo”
- mentir é o que mais fazem os assessores neste filme;
- a política joga-se na comunicação social, como marketing e publicidade (mas é evidente o desprezo pela publicidade/propaganda eleitoral clássica…)
- é o cúmulo da manipulação
- o presidente nunca aparece! Porquê? Não é preciso, é instrumental, é marginal ao processo, é quase irrelevante… Ou seja, um SD manda até no Presidente – é essa a mensagem!

Ficha do filme:
Título original: “Wag the dog
Título em Português: “Manobras na Casa Branca”
Realizador: Barry Levinson
Duração: 93 minutos
Baseado no livro “American Hero”, de Larry Beynhart
Direitos em Portugal: PRÍSVIDEO
Distribuição EUA: New Line Cinema (TWC)
Ano: 1998

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