domingo, 7 de setembro de 2008

Exame de Setembro

A pauta será afixada na terça-feira, mas posso desde já dar conta de que:

o aluno C. S. A. obteve 13 valores (3+3+3+4)
o aluno D. C. obteve 10 valores (por ordem das perguntas: 3+1+3+3)
o aluno J.M.C. obteve 6 valores (1+3+0+2)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Alunos que vão a exame no dia 21/07/08

(alunos cujas notas são inferiores a dez no semestre ou no ano lectivo, em resultado do teste feito na semana passada)
3º ano
Ana Rita Nóbrega
Catarina Sá Alves
Catarina Fonseca
Claúdio Magalhães
Filipe Oliveira
Joana Moreira
Joana Câmara
João Gomes
Juliana Cunha
Mariana Gomes
Nuno Pinho
Samuel Santiago
Vasco Marques


Elodie Costa
Marisa Mota
Sara Oliveira
Vania Vilela
(mais os alunos que faltaram ao teste ou que reprovaram no primeiro semestre)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Notas e avaliação

Está online a classificação dos relatórios.

Em face da tendência geral de não responder ao tema central, proposto atempadamente e nas aulas várias vezes respondido, refiz um pouco os critérios de avaliação (de modo a não ser tão rigoroso nas notas).

Considerei a nota 3 como aquela que corresponderia a uma observação genérica dos episódios, relacionando-os com a matéria (sobretudo a da comunicação de crise e spinning , era sobre isso o trabalho), desenvolvendo a abordagem. Isto significa que a nota 3 é uma espécie de chapéu que recebe cabeças de tamanhos diversos...

Com mais de três aqueles que cumpriram esse mínimo (a tal soma das três condições) e foram mais longe na resposta ao tópico, investigando e enriquecendo o trabalho. Com menos de três aqueles que não cumpriram (permitam-me) minimamente esse mínimo.

Como podem ver, todos os trabalhos têm comentários individuais; como sempre estou disponível para os justificar se as vossas dúvidas forem objectivas.

domingo, 15 de junho de 2008

ÚLTIMA AULA! (18/6)

A aula de hoje serve para os alunos esclarecerem as eventuais dúvidas que tenham sobre a matéria e/ou a avaliação.
Recordo que fiz, na aula anterior, uma revisão da matéria, pelo que a aula de hoje é exclusivamente dedicada a eventuais dúvidas.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Sobre a avaliação

1) a avaliação começará a ser feita a partir de amanhã; colocarei em cada blogue (no espaço de comentários) a minha apreciação e nota; deverá estar concluída até final de Junho;

2) As notas irão variar de 1 a 6 pontos (os tais 30% de cotação do trabalho, de um total de 20 valores);

De 1 a 2 corresponde a um trabalho pobre, com raras ligações, com pouca investigação, disposição deficiente e fraca abordagem do tema central

De 3 a 4 corresponde a um trabalho com algumas ligações e investigação; contributos externos, boa disposição visual e mediano desenvolvimento do tema central

De 5 a 6 corresponde a um trabalho bom ou mesmo muito bom, com ligações e contributos externos abundantes, com óptima disposição visual e boa abordagem do tema central

Uma nota mais: de uma primeira leitura apercebi-me que alguns alunos juntaram textos sobre os filmes Boris e Manobras na Casa Branca. Todos os contributos externos são bem vindos (venham da net, de livros ou de filmes), mas sem perder de vista a resposta ao tema central deste trabalho.

Blogues registados neste dia

NOTA: A edição/intervenção no blogue terminou neste dia, não sendo admissiveis - COMO É ÓBVIO - alterações posteriores; as situações detectadas (e fiz um registo da versão enviada no momento em que disso me informaram, para comparação) serão penalizadas.


CONFIRAM POR FAVOR SE O VOSSO ESTÁ
(a negro os que entregaram o endereço na aula)

Álvaro Gonçalves (3): http://fugaacomunicacaodecrise.blogspot.com/

Anabela Maganinho (5): http://politicrises.blogspot.com/

Ana Rita Nóbrega (0): http://artedemanipular.blogspot.com/

Ana Santos (3): http://temposdecrise.blogspot.com/

Ana Teixeira (3): http://anateixeira5.blogspot.com/

Carla Medeiros (4): http://carlamedeiros.wordpress.com/

Catarina Lobo (2): http://www.homensdopresidente.blogspot.com/

Cláudia Azevedo (5): http://claudiazevedo.blogspot.com/

Cláudia Rocha (3)tp://claudiachantel.blogspot.com/

Daniela Vaz Pinto (3)tp://danielavazpinto.blogspot.com/

Diana Pereira (3)tp://estrategiasparatudo.blogspot.com/

Diana Vasconcelos (3)tp://contratemposcomunicacionais.blogspot.com/

Elodie Costa (1): http://elodie-costa.blogspot.com/

Luísa Rebelo (2): http://relatoriodoshomensdopresidente-ecii08.blogspot.com/

Luis Fernandes (4): http://thewestwingluisfernandes.blogspot.com/

João Gomes (1): http://westwingseries.blogspot.com/

João Leal (3): http://ohdpjoaoleal292.blogspot.com/

Juliana Ferreira (3): http://o-mundo-da-ju.blogspot.com/

Marisa Mota (3): http://zimota22.blogspot.com/

Marta Fernandes (3): http://www.marta-fernandes9.blogspot.com/

Nuno Duarte Reis (3): http://silenciosensurdecedores.blogspot.com/

Nuno Pinho (3): http://oredutoirredutivel.blogspot.com/

Patrícia Gomes (4): http://ecdoispatriciagomes.blogspot.com/

Rosa Matos (3): http://homensdopresidente.wordpress.com/

Sandra Coelho (4): http://realidadesmanipuladas.blogspot.com/

Sara Oliveira (2): http://avenidapensilvania.blogspot.com/ [O blogue aparece hoje, 26/06, como tendo sido removido; caso se confirme a nota será evidentemente zero]

Sofia Reis (3): http://sofia-reis.blogspot.com/

Stephanie Tavares (3): http://stephanie86.wordpress.com/

Susana Ferreira (4): http://www.susanaferreirahomensdopresidente.blogspot.com/

Susana Teixeira (4): http://susanareisteixeira.blogspot.com/

Tomé Nunes (3): http://tome-3o-estratcom.blogspot.com/

Vasco Marques (1): http://osestrategistas.blogspot.com/

terça-feira, 10 de junho de 2008

12ª aula (11/6)

Sumário:
- resumo da matéria do semestre
- recepção dos endereços URL dos trabalhos de Os Homens do Presidente
- visionamento do último episódio de Os Homens do Presidente


ALGUMAS IDEIAS

1) A partir da matéria do primeiro semestre (o semestre do ‘valor mediático’), devemos perceber que um press release que chega tem um objectivo (republicar ou publicar em parte) mas até que isso seja conseguido (ou para que isso seja conseguido) há muitas vezes por trás uma estratégia, que não nos chega claramente, que é definida nos bastidores, e que precisa do jornalista para se viabilizada
2) Como se constrói essa estratégia; que passos devem ser dados
3) Esta estratégia tem a maior parte das vezes uma conotação de informação «positiva» (por oposição à ideia de crise); construir uma estratégia para ver publicada uma informação «positiva»;
4) A estratégia classica para responder a crises – informação «negativa» - chama-se Comunicação de Crise
5) A política é contudo uma excepção; se há políticos envolvidos, a resposta por regra não é a Comunicação de Crise
6) Se há políticos tudo muda. Os políticos (por princípio e por hábito) só recorrem à CC quando não têm alternativa.
7) A alternativa baseia-se na manipulação da informação: inventar, ficcionar, mentir
8) Os pseudoventos encontram-se num meio termo entre as EC e a manipulação
9) Muitas vezes a estratégia de comunicação não é suficiente, é preciso aumentar a noticiabilidade, manipulando
10) A forma mais elaborada, mais complexa, também mais sórdida de manipulação política chama-se spinning da informação
11) Não é fácil, mas é possível fazer a caracterização do «spinning»
12) As campanhas eleitorais são uma espécie de microclima (à parte): recorrem por vezes às campanhas negativas: quando além dos seus próprios méritos atacam os adversários; a campanha negativa – por definição – não é manipulação, na medida em que pode/deve estar assente em situações verdadeiras; da mesma forma, soundbites e sondagens não são manipulação

Ideias-base
- em comunicação política nada é inocente;
- em comunicação política coexistem estratégias de comunicação com o spinning
- em comunicação política o clímax, onde tudo pode acontecer, são as campanhas eleitorais (onde coexiste campanha positiva com campanha negativa)
- Governar em democracia é comunicar; porque governar é ser eleito; a campanha eleitoral começa no dia seguinte a ser eleito
- três graus de tentar que uma informação (positiva ou negativa, qualquer uma), a partir das relações publicas, seja publicada por um jornalista:
a) pelo valor mediático intrinseco
b) pela estratégia de comunicação adoptada
c) pela manipulação ou «spinning» criado

domingo, 1 de junho de 2008

Proximas aulas

11/6 - recepção e esclarecimento de eventuais dúvidas sobre o trabalho dos Homens do Presidente; analise e revisão da matéria do semestre

18/6 - aula dedicada ao esclarecimento de eventuais dúvidas sobre a matéria e a avaliação

11ª aula (4/6)

Sumário:
- um 'spin doctor' a sério
- visionamento do último episódio de 'Os Homens do Presidente' a ter em conta para a avaliação

[recordo que deverão apresentar durante o dia 11 os vossos trabalhos sobre Os Homens do Presidente; poderão fazê-lo na aula ou durante o dia, via e-mail; se pretenderem poderão aproveitar a próxima aula para esclarecer dúvidas sobre questões relacionadas com a construção do trabalho online]

[nota prévia: aparecem duas formas de escrever o apelido, Rove e Rowe; a primeira é que está certa]

Semelhanças estruturais com exemplos anteriores (abordagem genérica ao 'spinning'):
- discreto;
- o lugar que ocupa na hierarquia ou o nome que a sua função tem não correspondem à sua função como manipulador da realidade (função desregulamentada);
- não há atribuição directa entre a pessoa e o que acontece. Porquê? Porque muitas dessas actividades são ilegais ou, pelo menos, eticamente reprováveis; pensa-se que provavelmente são eles que fazem…
- especialistas em criar «manobras de diversão» (aquelas que desviam as atenções de algo indesejável ou aquelas que levam a opinião a «acreditar» em);
- acesso directo ao poder e relação de extrema confiança com esse poder;
- quebrar regras;
- «vale tudo»;
- conhecer os meandros da comunicação, da política e do marketing;
- criar/seleccionar as mensagens que o protagonista vai difundir depois.

No caso de Karl Rove:
De acordo com o livro e documentário “Bush’s brain”:
- G.W.B. é presidente por causa de KR
- é uma espécie de "primeiro ministro"
– mas não se sabe EFECTIVAMENTE o que faz (apenas que há uma marca de Rowe);~
- co-presidente, tal o seu poder…
- oficialmente era consultor político de GWB e foi director de campanha

Sobre o seu trabalho (sendo que nada disto é definitivo, pelas razões apontadas anteriormente e porque a história não se faz no presente):
- “sujo”, controlo dos acontecimentos, manipulação, campanhas negativas, destruir opositores;
- não há regra que ele não quebre para ajudar o seu candidato;
- sabotagem dos adversários;
- invisível (sabe-se que existe mas não se sabe directamente o que faz, raramente aparece);
- convenceu GWB de que ele poderia ser presidente, se fosse governador do Texas;
- quando representa um candidato está encarregado de tudo;
- nunca assume (alguns dos casos são crimes);
- utilização de fugas selectivas de informação;
- inventou a guerra do Iraque por razões políticas

As suas características:
- GWB tem total confiança nele;
- pertence ao seu círculo íntimo;
- tem muito poder (embora invisível);
- o seu currículo está cheio de casos de sabotagem;
- muito esperto, com formação política (republicana);
- Há mais de 20 anos que trabalha com a família Bush;

Algumas citações:
- «Rove é mais do que um conselheiro. Para vários biógrafos e comentadores, ele é “o cérebro de Bush”
- «Para as eleições de Novembro, os republicanos estão em desvantagem: a popularidade do presidente está de rastos, a guerra no Iraque é impopular, a credibilidade dos políticos é mínima»
- «Se fosse líder partidário, e por muito que estivesse em dificuldades, convocaria Karl Rove para dirigir a campanha eleitoral, mesmo que à distância e por videoconferência. Era vitória certa. Cem vezes melhor do que Carville, e outros «gurus» de campanha, Rove foi o verdadeiro catalisador da vitória de Bush, ou antes, da estrondosa derrota de Kerry, que partiu para as presidenciais com uma vantagem assinalável. Como? As tácticas de Rove são simples, mas de uma eficácia imbatível concentrar tudo numa mensagem - no caso era quem estava melhor preparado para enfrentar o terrorismo? - mostrar que o adversário não tinha um programa coerente nem uma linha eficaz de pensamento (Kerry tanto criticava que se esquecia de explicar o que iria mudar), e inundar os meios de comunicação com iniciativas e agendas repletas de novidades. Para além de tudo isto, Rove dirigia a mais completa e extraordinária equipa de spin doctors, que actuava 24 horas por dia para preencher os espaços informativos da panóplia de meios americanos. Nada ficava sem resposta, nem uma só ideia e iniciativa do adversário deixava de ser desmontada, avaliada e, se necessário (só possível em países onde a publicidade política é legal), ridicularizada. Duro, intransigente e autoritário, Rove levou Bush de uma posição de dez a 15 pontos de desvantagem em relação a Kerry a uma vitória impensável com três milhões e meio de votos a mais do que o candidato democrata. Por mim, contratava Karl Rove.» (Luis Delgado, DN, 21/12/04)

É spin doctor?
Sim, porque a actividade deve ser vista de uma forma ampla e não estrita (não se é contratado como tal, há sempre outros nomes…);
é-se ‘spin doctor’ quando se manipula a realidade, quando se criam manobras de diversão, quando se sabota os adversários (e neste caso até se juntam outras características: não há atribuição directa aos actos e um forte ascendente sobre o poder);
Aqui a dificuldade é saber em concreto o que é que faz ou não. Mas KR é um dos grandes mistérios da política interna norte-americana – e essa é uma das características do SD

UM caso que correu mal:
Quando um enviado dos EUA não confirmou a versão oficial do governo, sobre a venda de urânio ao Iraque, Karl Rove (provou-se depois), denunciou aos jornalistas que a mulher desse enviado era da CIA (uma espia…). Foi obrigado a demitir-se.
E esse caso suscitou uma série de outras acusações anteriores a Karl Rove… «as proezas de Karl Rove, a favor de candidatos republicanos, foram mantidas num estilo baixo de guerra sem quartel. Em 1970, roubou papel dum gabinete do candidato rival e enviou mais de mil cartas falsas em seu nome. Em 19856, numa renhida campanha para governador do Texas, Rove clamou ter encontrado um microfone camuflado no seu gabinete. O fiscal suspeitou que foi o próprio Rove quem o instalou, mas a investigação nunca o provou (o jovem tinha génio e amigos nas altas esferas). Em 2000, durante as cruciais eleições primárias na Carolina do Sul, Rove destruiu John McCain, para assegurar a nomeação de Bush»

TRAÇOS comuns:
- manipulação da realidade, principalmente através da comunicação social;
- ganhar eleições para manter/alcançar o poder;
- sabotagem dos adversários;
- criação de manobras de diversão;
- o autor dessa manipulação não é conhecido (não há uma relação directa);
- função não existe e é desempenhada quer pontualmente (crises) quer por colaboradores permanentes

domingo, 25 de maio de 2008

10ª aula (28/5)


Sumário:
- visionamento crítico do filme «Manobras na Casa Branca»; um «spin doctor» de ficção
- visionamento de mais um episodio de Os Homens do Presidente

Notas críticas sobre o filme “WAG the DOG” (MANOBRAS NA CASA BRANCA):

Sinopse/contexto da história:
Assessores do presidente dos EUA sabem que o jornal Washington Post “de amanhã” vai publicar uma notícia envolvendo o presidente e uma jovem que este levou para a “Sala oval” da Casa Branca (referências indirectas ao então presidente Bill Clinton, 1993-2001); a jovem acusa-o de assédio sexual! Faltam 11 dias para as eleições e o presidente recandidata-se! Ao saber disto, o presidente manda chamar Conrad Brean, especialista em “manobras de diversão”; este e o produtor de Hollywood (Stanley Motss) vão criar uma ficção – ao pormenor – que vai distrair a comunicação social, as eleições e o outro candidato…

Frases e ideias de CB e do produtor SM:
CB : (sobre o escândalo e as acusações da rapariga) “não interessa se é verdade”
CB: presidente tem de ficar mais um dia na China, digam que ele adoeceu
CB: inventa uma hipotética referência a um novo bombardeiro, que não existe; a ideia é fazer constar mas nunca dizer que não existe (ou que existe…)…
CB: “inventar uma crise”
CB: vai ser preciso realizar uma conferência de imprensa (inventar)
CB: é preciso distraí-los 11 dias; “estou a trabalhar nisso”…
CB: depois de 240 soldados americanos terem morrido em Beirute, o antigo presidente Reagan decidiu invadir Grenada… [23 de Outubro de 1983: um ataque islâmico mata 240 soldados em Beirute; o ataque a Grenada acontece a 25 de Outubro]
CB: “não vai haver guerra mas a essência da guerra” (“appearance”)
CB: peça ao portavoz para fazer um comunicado a negar a Albânia (que ele próprio inventou…)
CB: portavoz mente e fala do estado de saúde (já o escândalo foi revelado)
CB: “guerra é show business”
CB: o povo ou o público têm de saber? “A verdade não interessa”
Produtor: “é um teaser…” - a partir das primeiras “manobras de diversão”, os jornais passaram o escândalo para as páginas interiores e puseram a guerra na primeira
CB: “vamos entrar em guerra com a Albânia daqui a 30 minutos”
CB: “O senador Neal descobriu alguma coisa? Isso não me importa, temos uma guerra”
- as imagens são passadas à imprensa/televisões e logo transmitidas
- inventam a cena da chegada do presidente (encenação), até a chuva…
A CIA: “não há nenhuma guerra”;
CB: “mas eu vejo-a na TV!”
CB: “o senador rival acabou com a guerra?! Ele não pode acabar com a guerra, só acaba quando eu disser”
CB: é “um caso sórdido”
Produtor: “isto é política ao melhor nível” - elaboram o discurso que o presidente vai ler
Produtor: “não me divertia tanto desde o directo da TV”
CB: “isto é como ser canalizador”
- inventam uma música, que mandam arquivar na Biblioteca no Congresso com uma data falsa e que passam para a comunicação social, com a ideia de que já existia e foi agora “descoberta”
- inventam tudo, até a moda de atirar velhos sapatos para árvores e postes, em homenagem ao pseudo-soldado desaparecido na Albânia (old shoe) CNN dá a notícia do soldado desaparecido… Produtor: “não há nada como o show business”
CB: dita as notas de imprensa, coordena a chegada do soldado preso
CB: afirma-se um perito em nunca revelar nada
CB: manda matar o produtor, quando percebe que este não se consegue calar com os resultados (SM quer os créditos/mérito…); a imprensa diz que o produtor morreu de ataque cardíaco…
- o presidente é um produto de publicidade…
- a única vez que há uma preocupação com a lei ou com o que a imprensa pode descobrir é quando têm um acidente e são recolhidos por um imigrante ilegal (que nem inglês fala); é imediatamente legalizado… (é sarcástico, como é que esta é a única preocupação a sério…)

Notas finais:
Trata-se de uma PARÓDIA/RIDICULARIZAÇÂO, uma vez que seria impossível a comunicação social nada descobrir. E havia tantas pontas soltas (até o acidente de avião), nomeadamente o facto de nada se passar na Albânia (qualquer jornalista no local, e iriam jornalistas para o local, perceberia isso); mas demonstra SIMBOLICAMENTE:
- como a comunicação social é manipulada com alguma facilidade e “come” as coisas que lhe dão, muitas vezes sem qualquer atenção;
- como há quem, num gabinete com um telefone (e devidos meios), possa controlar tudo, os “spin doctors”, expressão que não aparece;
- o SD é alguém que leva a sério todas as implicações da função (ao contrário do produtor, que não se aguenta…), desde a discrição (até na roupa que veste) ao silêncio; mas também é, logo na primeira fala, apresentando como “Mr. Resolve Tudo”
- mentir é o que mais fazem os assessores neste filme;
- a política joga-se na comunicação social, como marketing e publicidade (mas é evidente o desprezo pela publicidade/propaganda eleitoral clássica…)
- é o cúmulo da manipulação
- o presidente nunca aparece! Porquê? Não é preciso, é instrumental, é marginal ao processo, é quase irrelevante… Ou seja, um SD manda até no Presidente – é essa a mensagem!

Ficha do filme:
Título original: “Wag the dog
Título em Português: “Manobras na Casa Branca”
Realizador: Barry Levinson
Duração: 93 minutos
Baseado no livro “American Hero”, de Larry Beynhart
Direitos em Portugal: PRÍSVIDEO
Distribuição EUA: New Line Cinema (TWC)
Ano: 1998

domingo, 18 de maio de 2008

9ª aula (20/5)

Sumário: o 'spinning' da informação (caracterização); visionamento de mais um episódio de Os Homens do Presidente (nº 18 da terceira temporada, «Sentido»)

Spin doctor:
(não é fácil caracterizar, até pelas características relativamente “secretas” ou, pelo menos, informais edesregulamentadas, da função);
Ser spin doctor não é tanto um lugar para que se contrata alguém (“Precisa-se de…”), mas mais um conjunto de tarefas que fazem a função, uma função dentro do aconselhamento em marketing político; Realizando determinadas funções, reunindo determinadas características, podemos dizer que estamos perante um spin doctor. É, genericamente, uma área das relações públicas, mas sobretudo do marketing político.

Ligação recomendada: http://en.wikipedia.org/wiki/Spin_(politics)

Origem da expressão (que pode ser traduzida por mestre da manipulação):
-to spin: fazer girar, alterar, desviar a trajectoria
-quem é: ex-jornalista?ex-politico?ex-publicitário?

(tentativa de) Definição:
- é uma espécie de grau mais elevado/sofisticado de assessor de imprensa (mas já não desempenha essas funções, porque não deve contactar directamente, embora possa ter a “fachada” de assessor político, de imprensa, conselheiro, etc.)
- “alguém que tenta influenciar a opinião pública através de uma informação favoravelmente manipulada, apresentada ao publico ou aos media, com vista a ganhar, no imediato ou a mais tarde, eleições”
- explorar quais os meios mais apropriados para alcançar os objectivos dos seus partidos ou candidatos
- "consultor de tecnologia política: “a manipulação da opinião pública é uma ciência exacta; pode-se fazer ganhar qualquer candidato desde que haja dinheiro ou se apliquem os golpes (sobretudo os mais baixos) ao adversário” (VISÂO)
- o spin doctor está muito associado à ideia de crise; de resolução de problemas (que já surgiram ou vão surgir, antecipando-os…), mas não de acordo com as regras da comunicação de crise; sempre ligados à ideia de adulteração da realidade, de ‘manobras de bastidores’

Outra definição, errada, mas que vale a pena analisar: «Spin doctor/spin – Assessor de mídia ou consultor político contratado em uma campanha para garantir que o candidato receba a melhor publicidade possível em uma dada situação. Por exemplo, após um debate entre candidatos à Presidência, o spin doctor de cada candidato procura os jornalistas para mostrar-lhes os pontos fortes de seu candidato e tentar convencer a imprensa e, por extensão, o público, de que seu candidato “venceu” o debate. Quando esses assessores de mídia estão trabalhando, diz-se que estão fazendo spinning ou pondo spin (colocando efeito) em uma situação ou um evento». ESTA DEFINIÇÂO NÂO SE ENQUADRA NO ESPIRITO DEFINIDO ATÉ AGORA; ISTO NÃO É SPIN!

Mais uma definição:«A gestão das notícias por profissionais de comunicação e por agências noticiosas, tanto independentes como ligados a governos ou ministérios. A profissionalização da comunicação pública em geral.Os spin doctors* popularizaram-se no Reino Unido durante a década de 90 e estiveram especialmente associados ao apertado controlo que o novo Partido Trabalhista exerceu relativamente à sua imagem pública, antes do governo Blair, em 1997 (e subsquentemente). As artes negras da manipulação mediática eram usadas não só externamente, para controlar tanto quanto possível o fluxo, e até o estilo, da informação usada pelos jornalistas, mas também internamente, para assegurar que os próprios políticos trabalhistas permaneciam «on message» em todos os momentos.(…) Nos últimos dias de governação, o governo conservador liderado por John Major foi perseguido pela sordidez e pelo escândalo, o que contribuiu indubitavelmente para a sua derrota nas eleições de 1997. Consequentemente, o «spin» podia operar em ambos os sentidos - como manipulação oficial, para proteger o governo, e como uma vingança dos que não têm voz, para «os manter honestos».Uma das suas mais peculiares aspirações à fama provinha da afirmação de que o «spin» podia provocar a ocorrência de um acontecimento antes de ele ter acontecido. Parte da arte do «spin» consistia em usar contactos seleccionados e fugas de informação para provocar a cobertura na imprensa e na rádio ou em espectáculos televisivos antes da publicação de algo arriscado - por exemplo, um relatório crítico ou números pouco precisos sobre a economia.* termo que designa o assessor de comunicação na área política (n. da T.).”»

O que faz:
- influencia a opinião pública
- manipula (altera/constrói) a informação
- constrói a opinião (reviravoltas)
- aconselha o líder
- não é o (puro) assessor de imprensa
- inventores de imagens/ideias
- recurso a grupos de controlo (focus group)
- selecciona as ideias fundamentais, em função da opinião pública, aquelas que ela tem de saber/receber, quando e como é que; (não tanto as melhores, mas as que querem passar; geralmente até são as mais negativas)

Características:
(UMA ESPECIE DE GRELHA QUE PODEM APLICAR A DIVERSOS CASOS, mas que não é exclusivista em face das dificuldades)
- são discretos e actuam nos bastidores(o lugar que ocupam na hierarquia é irrelevante, até pode não ter ligação efectiva), a desregulamentação da actividade… muitas vezes a sua existência até é negada… NO FUNDO É O ESTRATEGA
- acesso directo ao poder (tem muito poder) e relação de confiança com esse poder;
- insensíveis à necessidade de transparência (recorre muitas vezes à “campanha negativa” ou negra)
- conhecer bem meandros da comunicação e do marketing
- não deixa impressões digitais directas (não costuma aparecer), embora se possa atribuir (isto é, não há uma atribuição directa a determinada pessoa, que apareça a reclamá-la; “isto fui eu que fiz”), talvez mais tarde isso possa acontecer mas não no momento imediato - até porque ninguem gosta de ser manipulado…
- alimentar a opinião pública através de factos políticos que são divulgados pela comunicação social (que deve controlar de alguma forma), mas também podem ter de tratar de influenciar grupos de decisão (um parlamento?)
- criar mensagens (“frases assassinas”/sound bites) e gerir informações (exclusivos)
- o político (o protagonistas que vai ser eleito) não é o spin doctor; o spin doctor é alguém que trabalha para esse político…;
- o assessor de imprensa pode ser um spin doctor? Pode, dependendo do trabalho que faz; em alguns casos, o político pode ter de dar a cara – solidariamente, e com a sua credibilidade – em defesa da estratégia de manipulação (caso de José Maria Aznar no 11/03/04)

- Poucos são aqueles que fazem apenas «spinning»; genericamente, um spin doctor gera e controla a informação a seu favor (a favor de quem lhe paga); É uma função, uma ferramenta do consultor de marketing político; só excepcionalmente, o spinning será exclusivo na função do consultor...

Frases-chave para a compreensão:
- “golpes sujos ou baixos”
- “vale tudo”
- “capaz de milagres”

Em Portugal, «O chamado spin doctor ainda é uma espécie de avis rara, geralmente chamado à laia de bombeiro, para apagar fogos, na comunicação com o eleitorado»

UM CASO: «Pouco mais de uma semana depois de ser capturada numa emboscada no deserto iraquiano, a soldado Jessica Lynch foi resgatada do hospital onde estava detida como prisioneira de guerra. Toda a ação foi capturada por sofisticadas câmeras de raios infravermelho. Dizem, um resgate audacioso, feito sob uma chuva de balas. Dizem, uma missão delicada, já que Lynch tinha vários ferimentos provocados por tiros e facadas, e teria apanhado em sessões de interrogatório. Mas agora médicos do hospital onde ocorreu a ação cinematográfica, em Nasiriya, no Iraque, estão dando sua versão da historia. Segundo reportagem da BBC em Londres, Jessica Lynch teria recebido o melhor tratamento possível enquanto esteve hospitalizada, com direito a enfermeira exclusiva para ela – tratamento VIP, considerando as condições precárias do sistema de saúde iraquiano. O médico Harith a-Houssona, que examinou a soldado, conta que ela tinha fraturas num braço e numa perna e um tornozelo deslocado – nenhum sinal de ferimento a bala, nada além do que seria considerado "normal" num acidente de carro». Ou seja, entre a versão oficial («a soldado Jessica Lynch foi capturada por soldados iraquianos após levar tiros nas costas, esfaqueada, torturada e presa em um hospital em Nasiriya. Seus bravos companheiros invadiram o hospital tomado por Fedayeen (os soldados-do-deserto) e sob cerrado fogo cruzado resgataram a militar de 19 anos. Câmeras de TV ao vivo acompanharam tudo») e aquilo que parece ser uma farsa («Jessica não foi baleada ou esfaqueada. Os médicos do hospital deram as melhores camas e enfermeiras disponíveis no local. Dois dias antes do “resgate” os médicos iraquianos tentaram levar Lynch de ambulância para os americanos, mas foram recebidos a bala em um posto de fronteira e obrigados a voltar. Um dia antes do gesgate os Fedayeen deixaram o hospital. Soldados americanos invadiram o hospital à noite, usando câmeras noturnas para transmitir o evento ao vivo para o mundo todo, encontrado médicos atônitos que ouviam balas de festim e explosões pipocando para todos os lados.») há uma grande diferença… de qualquer forma, «Pentágono nega que resgate de soldado no Iraque foi farsa» (ENQUANTO FOR POSSIVEL JOGAR COM A VERDADE DUAS VERSÕES COEXISTIRÂO)

domingo, 11 de maio de 2008

8ª aula (14/5)

Sumário: Algumas reflexões sobre casos de manipulação

1) Das duas perspectivas para a palavra manipulação que já vimos (escolher uma parte da realidade e apresentá-la unicamente para servir determinado interesse ou alterar/fabricar/mentir sobre a realidade e apresentá-la para servir determinado interesse) interessa-nos a segunda;

2) Até que ponto a manipulação dos factos consegue influenciar a opinião pública? (o que nos remete para o universo da própria democracia e do sistema político democrático)

3) Serão analisados na aula alguns casos (alguns casos entre muitos possiveis):

a) «Durante a guerra do Kuwait (invadido pelo Iraque em 1990), «O público rapidamente ficou a saber que o Kuwait era uma democracia que desabrochava no Golfo e que as suas mulheres recusavam o véu e conduziam automóveis. Soube também que os soldados iraquianos violavam e pilhavam à medida que avançavam no Kuwait, indo ao ponto de arrancarem indefesos bebés prematuros das suas incubadoras com o intuito de levar as máquinas para o Iraque. Foram também informados de que Saddam Hussein era Hitler» (Nelson Traquina, O poder do jornalismo, Coimbra: Minerva, 2000, pág 114). Mas… Texto a desenvolver na aula

b) «Na segunda-feira, o famoso animador televisivo David Leterman decidiu exibir um clip com as imagens de Tyler [Crotty] anunciando uma nova rubrica no seu programa nocturno, a qual se chamaria «George W. Bush estimula a juventude da América!». Na manhã seguinte, o noticiário da CNN mostrou as imagens do «clip» e a apresentadora Daryn Kagan comentou que era estranho que ninguém junto de Tyler tivesse reagido aos seus esgares. Depois de um intervalo para publicidade, Kagan regressou: “Dizem-nos da Casa Branca que a imagem da criança foi montada naquele vídeo, o que explica a razão por que as pessoas não reagiram» (Expresso/Única, 9/04/2004, pág. 20). Texto a desenvolver na aula.
Apoio: «Garoto que bocejou em discurso de Bush vira celebridade» ; o video;

c) «A jornalista JUDITH MILLER acaba de ser despedida pelo New York Times (NYT) depois de ter passado quase três meses na prisão por se ter recusado a identificar as fontes de uma fuga de informação sobre a identidade de uma agente secreta da CIA. Esta notícia parece algo paradoxal. Como é possível que uma jornalista de tão elevada exigência ética seja despedida por um dos jornais mais influentes do mundo? Mais estranho ainda é que não tenha havido nenhum movimento de jornalistas em favor da sua colega e muitos tenham manifestado as suas dúvidas acerca dos verdadeiros motivos do silêncio desta jornalista. A explicação de tudo isto está no facto de Judith Miller ter sido a jornalista que mais prolificamente escreveu sobre as armas de destruição maciça de Saddam Hussein e mais zelosamente defendeu a tese de que tais armas existiam. Com fortes ligações aos neoconservadores que dominam a administração Bush, Miller teve acesso a informação confidencial que alegadamente justificava as suas reportagens e que pôde usar sob a condição de não a revelar, nem sequer aos próprios directores do NYT» (Boaventura Sousa Santos, «Ética Jornalística», Visão, 24 de Novembro 2005, pág. 58). Texto a desenvolver na aula

d) «Em finais de Maio do ano passado, o ex-ministro da Saúde Correia de Campos contou, durante um debate que decorreu na Escola Nacional de Saúde Pública (Lisboa) este caso. Reproduzo-o da forma como o fixei:Como ministro apanhou uma chamada "crise das meningites" e viu-se pressionado pela opinião pública a autorizar um plano de vacinação que permitiu a um laboratório vender 10 milhões de euros de vacinas em 15 dias.Correia de Campos disse nesse debate que, mesmo nessa altura, achava o plano desnecessário. Mas autorizou. Porquê?O ex-ministro falou na existência de uma cabala, envolvendo o referido laboratório (que não citou), uma empresa de relações públicas (que não nomeou) e delegados de informação médica, transformados em informadores. Mal sabiam de mais um caso, avisavam o laboratório, que avisava a empresa de RP, que avisava os jornalistas. Ainda antes do ministro saber…Quando Correia de Campos aparecia em público, os repórteres confrontavam-no com "mais um caso sr. ministro. Que pensa fazer?".O ministro cedeu e autorizou o plano.». Caso a desenvolver na aula

e) A 11 de Maio de 2006 Manuel Maria Carrilho apresenta o seu livro «Sob o signo da verdade» em que diz que foi vitima de uma conspiração de jornalistas, comentadores e uma agência de comunicação para o derrotar nas eleições autárquicas que deram a vitória a Carmona Rodrigues em Lisboa. Carrilho fala em manipulação e numa entrevista à RTP diz que «existe uma corrupção generalizada muito difusa» envolvendo jornalistas e a actividade das relações públicas. Carrilho acusa António Cunha Vaz, director de uma agência de comunicação, que lhe terá oferecido os seus serviços, com o argumento de que «tudo se compra».

4) Que pontos de contacto existem entre estes casos?
- a ideia de que vale tudo (ou quase) para manipular a opinião pública e assim gnhar eleições ou manter-se no poder;
- a ideia de que os políticos ou se servem ou acusam os jornalistas;
- a ideia de que os jornalistas são as primeiras vítimas ou armas/ferramentas dessa manipulação (porque são o primeiro público directo);
- a ideia de que os jornalistas não percebem ou percebem demasiado tarde que são arrastados para essa manipulação (ou então, que lhes interessa)

NOVO PLANO DE AULAS até final do semestre

14/5 - Casos de manipulação

21/5 - O spinning da informação

28/5 - «Manobras na Casa Branca»

4/6 - O caso Karl Rove

11/6 - Apresentação dos trabalhos sobre os Homens do Presidente (e critérios de avaliação)

18/6 - Revisão da matéria para os testes de 9 de Julho

domingo, 27 de abril de 2008

7ª aula (30/4)


Sumário: visionamento crítico do filme «Boris»
Ficha: “Boris” (“Spinning Boris” no original) é um filme de 2003, realizado por Roger Spottiswoode, com Jeff Goldblum (George Gorton) , Anthony LaPaglia (Dick Dresner) e Liev Schreiber (Joe Shumate).

Resumo da história: uma equipa de consultores políticos (consultores/assessores de marketing político) norte-americanos é contratada por apoiantes de Boris Ieltsin (o presidente em funções) para o elegerem como presidente russo, em 1996. Quando chegam à Rússia, oito meses antes, Ieltsin tem 6 por cento das intenções de voto, contra os 30 por cento de Zyuganov; no final – aplicadas as tácticas desses consultores políticos – Boris Ieltsin ganha.

IMPORTANTE: O filme é baseado em factos reais, que vieram a público numa história publicada pela revista Time (como o próprio filme documenta, uma vez que o jornalista da revista em Moscovo teve acesso ao caso mas comprometeu-se a publicá-lo apenas posteriormente). Na capa podia ler-se “Yanks to the Rescue; The secret story of how american advisers helped Yeltsin win”. Mas, sendo um retrato da realidade histórica, muitos dos pormenores acessórios que engordam o filme são construídos pelos argumentistas (porque se trata de um filme para ser apresentado no circuito comercial).

Matéria essencial para a aula: o filme mostra aquilo que muitas vezes se especulava mas nunca tinha vindo a público desta forma tão clara: como os políticos (e os eleitores) podem ser manipulados e um presidente vendido como uma barra de sabão (expressão usada no filme). No caso em concreto, os consultores políticos recorrem ao que designam por “jogo da eleição”, baseado em “focus group” (sondagens), manipulação (“há uma vaga na televisão para encaixar um apoiante de Ieltsin”; “a imprensa no bolso”), selecção precisa de mensagens e comportamentos (sorrir é fundamental, “sound bites de cinco segundos”) e campanha negativa.

Outras ideias soltas, retiradas do filme:
- eles serão “a voz do candidato”
- “nunca ninguém teve tanto poder” (os consultores)
- “nada de nomes”
- “mentir? Qual é o problema?”
- “nós nunca mentimos a quem nos paga”
- “o problema numa eleição é nunca se saber quem ganha” (citando um antigo líder soviético)

Nota suplementar: George Gorton e colegas foram, posteriormente (2003), os responsáveis pela campanha que elegeu Arnold Schwarzenneger governador da Califórnia.

Ligação com interesse:

domingo, 20 de abril de 2008

6ª aula (23/4)

Sumário:
- As campanhas negativas (características); a realidade portuguesa
- Visionamento de mais num episódio de Os Homens do Presidente

Desenvolvimento:
1) Portugal assistiu pela primeira vez, nas últimas eleições legislativas, a uma campanha eleitoral negativa (ou campanha negra, como também é conhecida esta técnica do marketing político) - aquela em que um candidato/uma candidatura releva (aposta n) os defeitos do adversário, em vez de se limitar a puxar pelas suas próprias qualidades. Ou seja, até então, as campanhas que tínhamos visto em Portugal eram feitas apenas pela positiva (cada candidato esforçava-se por valorizar as suas qualidades, mostrando pouca preocupação com os adversários).(sinal de que se trata de um assunto novo em Portugal, o assunto está muito pouco estudado por cá)
Os vários cartazes dessa campanha são disso bons exemplos:
http://outdoors.weblog.com.pt/arquivo/2005/02/outdoors_psd_1.html
http://outdoors.weblog.com.pt/arquivo/2005/02/outdoors_ps.html

Visionamento de um excerto de um episodio de «irmãos e irmãs»

2) Características de uma campanha negativa.
Se em Portugal são novas, as campanhas negativas têm muita expressão nos EUA e por exemplo no Brasil.
Principais características:
- acusações (implicitas ou explícitas), insinuações, comparações, criação ou aproveitamento de rumores
- cartazes e publicidade dirigida
- insultos e dialéctica verbal (e escrita) violenta
(ao longo das proximas aulas veremos diversos exemplos de campanhas negativas; tambem em Os Homens dos Presidente)

3) Sobre a campanha das legislativas em Portugal.
O caso do rumor.Um texto sobre a campanha negativa em Portugal:
A opinião do PS sobre o assunto.
Os portugueses estavam preparados para uma campanha assim?
Uma citação sobre o rumor:
«Se pela primeira vez em Portugal houve uma “campanha negra”, na qual o rumor se enquadrou (voluntária ou involuntariamente), e se nunca um rumor tinha sido associado tão directamente a um processo eleitoral, também é certo que não foi este em concreto que estreou Portugal nos rumores políticos. Há, até, um caso muito exemplar, uma vez que foi publicado pela revista francesa “Le Point” em Junho de 03 (envolvendo, alegadas homossexualidades).Mas os rumores, basicamente, têm poupado os políticos – artistas ou jogadores de futebol têm sido os alvos mais preferenciais (um dos casos mais conhecidos acabou por ser desmentido em directo na televisão, mas com consequências muito negativas para a carreira do jogador e do cantor em questão. Ou seja, nada que se compare com o que acontece, por exemplo, em França, onde há registo de três ministros que se suicidaram, directa ou indirectamente, na sequência de boatos (Roger Salengro, em 1936, Robert Boulin, em 1979, e Pierre Béregovoy, em 1993).É, portanto, possível dizer que os portugueses foram apanhados desprevenidos quando se aperceberam que, à medida que decidiam o seu voto para as eleições, tiveram de se relacionar com o rumor envolvendo o líder do PS (até então os rumores eram inofensivos ou sem consequências para a vida colectiva – como os que falam em relacionamentos extra-conjugais).Se o rumor teve uma origem bem definida (ou, pelo menos, se houve um aproveitamento direccionado), o seu objectivo só podia ser um: desgastar a imagem do líder do PS para beneficiar o outro candidato a primeiro-ministro.Os resultados eleitorais mostram que não teve consequências.Mas é justo reconhecer (e a análise de campo comprova-o) que teve bastante impacto e num curto espaço de tempo – a pouco mais de duas semanas da data das eleições legislativas. E, por via dessa “campanha negra” nunca foi tão verdadeira a afirmação, corrente em Portugal, de que vale tudo na política. Lurdes Martin Salgado conta que apesar dos esforços da Associação Americana de Consultores Políticos de criar um código de conduta em que se proíbem os associados de “abstenerse delanzar ataques falsos y engañosos contra el adversario político y que deben documentar com precisión cualquier crítica contra sus adversarios políticos (…). La realidad ha demostrado que el Código no há tenido un gran impacto en la prática”» Texto completo aqui.

- Responder ou não aos rumores (aos ataques em geral)?
A melhor defesa é um bom ataque?
Joe Napolitansi tu candidato está ganando con tranquilidad, y tú estás seguro de que el plan de tu campaña está bien deseñado que puede compensar las acusaciones del adversario (…) entonces quizá, quizá, puedas salir airoso ignorando a tu adversario. Pero yo aconsejo que no lo hagas» (in Salgado, Lurdes Martin, Marketing Político: Arte y Ciencia de la Persuasion en democracia», Paidós, Barcelona, 2002, pag. 236)

Estarão os portugueses preparados para uma campanha negativa? Gostarão de uma campanha negativa? Avaliarão um candidato pelos efeitos de uma campanha negativa? Custódio OLiveira, no ISLA, considerou que não. (o factor «espírito latino?»)

domingo, 13 de abril de 2008

5ª aula (16/4)

Sumário:
- correcção e notas sobre o exercício da aula anterior
- o marketing político e o marketing eleitoral (os soundbites e as sondagens/estudos de opinião)
- visionamento de mais um episódio de Os Homens do Presidente

NOTAS sobre o exercício prático da aula anterior:
- Para além da necessidade de transparência e verdade, devemos entender a crise não como uma desgraça mas como uma oportunidade; primeiro porque se pensarmos como uma desgraça, provavelmente será o mesmo (o fim...) e depois porque podemos potenciar os 'holofotes' para passar uma imagem positiva e 'dar a volta'. Não esquecer - como em todas as estratégias - quem é o público que interessa ao 'cliente': o Intermarchá não fala para a Coca Cola nem para a ASAE, mas para os seus clientes!
FOI EXPLICADO ISTO A TODOS OS ALUNOS; o que fizeram os alunos:
- assumiram o erro e pediram desculpa (transparência, mas sem grande 'oportunidade'; até porque se corre o risco de se pensar que não continuarão a praticar preços baixos)
- assumiram a estratégia que é a de oferecer preços baixos e assim continuar a fazer (por compromisso com o cliente, por imagem de marca da empresa, em resultado de estudos de mercado (4); anunciando uma nova marca no mercado)
- explicaram que por trás dos 19 centimos havia outro objectivo POSITIVO (reciclagem e meio ambiente; responsabilidade social para com solidariedade social)
- soluções mal 'encaixadas': o prazo das latas em stock estava a acabar e decidiram apressar a sua venda (NEGATIVO); colocar a palavra 'erro' no título;
NOTA FINAL: alguns press releases estão escritos como se tivessem sido feitos por jornalistas; um press release só é 'jornalistico' no sentido da sua construção, não do conteúdo; nesses PR mal executados, a posição do Intermarché não é a abertura (lead) nem título. Teria de ser. E não o contexto (quase neutro) do caso.

O marketing político:
1) A área de actividade onde há mais complexidade e mais perigo de manipulação (atenção ao sentido da palavra) é a política; é na política que as estratégias de comunicação se sofisticam a ponto de se poder dizer que “muitas vezes” vale tudo; porquê:
- a política é temporária (há eleições regularmente e há que prestar contas: um cantor/pintor ou um empresário podem passar sem dar uma entrevista mas um politico não) e precária (lugares de nomeação, entra e sai);
- as eleições jogam-se muito na opinião pública;
- a política controla e condiciona as nossas vidas (vital no sistema democrático);
A conjugação destas três razões (entre outras) faz com que a luta pelo poder politico seja terrível;

2) Não se ganham eleições sem marketing politico, porque numa verdadeira democracia não se ganham eleições sem campanhas eleitorais (e uma campanha eleitoral é uma orgia de marketing politico, duas ou três semanas em que tudo se pode decidir; há quem diga que a campanha começa no dia seguinte às eleições). Há casos de políticos com grande popularidade que quase não precisam de campanha eleitoral, mas são uma excepção e às vezes corre mal (Fernando Gomes – Porto). Não admira que o marketing tenha chegado à política, como conjunto de técnicas que, postas ao serviço de uma figura, lhe vão/podem dar popularidade, simpatia, votos.

3) Distinguir marketing eleitoral e marketing político

4) O Marketing politico (ou melhor, as estratégias de marketing politico) usa fundamentalmente quatro áreas do marketing (das muitas que tem ao dispor):
-estudos de opinião (sondagens, focus group), para preparar as mensagens e testá-las antes e durante a campanha;
- publicidade/propaganda/merchandising (publicidade, cartazes, isqueiros, paginas na internet),
- marketing directo (o porta a porta do proprio candidato, arruadas, os comícios – tudo o que envolva contacto directo);
- e relações públicas/assessoria de imprensa (tudo o que pressuponha a intermediação feita através de jornalistas: entrevistas, declarações programadas, reacções, “fugas” de informação, exclusivos; o soundbite - como desenvolvimento dos pseudo-eventos);

5) O soundbite é uma forma de manipulação da opinião pública muito simples e eficaz: é, na linha da definição da estratégia de comunicação, quando se pensa nas palavras chave, e se seleccionam as ideias-chave, concretizar algumas palavras que sabe que vão directas ao coração do jornalista/da opinião pública (o soundbite é mais do que um slogan, é a artificialização do discurso, da ideia à sua mínima expressão para prender a atenção dos jornalistas - algumas palavras resultam em cheio, embora por vezes se confundam). «Politicians of the new generation are carefully coached by their spin doctors to produce on demand soundbites which are clear and to the point.»Ligação: como fazer um soundbite: http://www.aim.org/media_monitor/4252_0_2_0_C/- «Paulo Portas, op senhor soundbite»Uma característica do soundbite: é cada vez mais curto! «The average sound bite of a presidential candidate on network news shrank from 42 seconds in 1968 to 7.8 seconds in 2000»
6) O marketing politico moderno em Portugal apareceu apenas depois da Revolução de 1974; ao longo dos séculos há imensos casos em que a oratória e a retórica eram usadas para convencer (demagogos); e sabe-se como por exemplo a rádio foi usada por Hitler ou Churchil; mas só com a institucionalização da democracia (no pós-guerra), a actividade passou a ser profissional (a condição-base é que haja eleições democráticas e justas e que seja preciso ganhá-las; o mesmo é dizer, que seja o povo a ganhá-las) ;

7) SONDAGENS: Por ser ainda recente e pressupor alguma mudança de mentalidades, há ainda políticos que desvalorizam (sobretudo por ignorância e/ou preconceito) o valor das sondagens (como ouvimos, no ano passado, Luís Paixão Martins e recentemente Custódio Oliveira, Sócrates e Fernando Gomes não são desses políticos);
As sondagens são a ÚNICA forma de consultar antes das eleições o próprio povo; uma boa sondagem depende da construção do questionário, da constituição da amostra e do rigor (honestidade) da interpretação dos resultados;
Existem três formas de fazer sondagens:
- telefonicamente (as mais baratas e também erróneas), as presenciais (com voto em urna ou questionário) e o focus group (as mais caras, mas provavelmente as mais acertadas, se o grupo tiver sido bem constituído; pouco usado em caso de votações políticas); muitas vezes podem conjugar-se duas ou mesmo as três formas;
- governar por sondagens é uma expressão que se ouve muito em Portugal e que denuncia alguns equívocos que precisam de ser esclarecidos (correspondentes a uma certa mentalidade);

8) Tratar da imagem significa que alguém (o assessor ou o estratega) tem uma visão global (como no corporate image das empresas) desse protagonista; desde a forma como fala e o que diz à maneira como se veste, mexe as mãos ou onde vai (ter uma coerência global – para ajudar a criar uma determinada reputação; Cavaco autoritário/firme; Guterres, humanista/coração/diálogo); Os dentes de Paulo Portas.

9) A FORÇA DO MARKETING POLITICO: Pode o marketing político inventar/criar uma personagem diferente? Pode, embora se o candidato for mau isso acabe por vir acima; se o candidato for bom (inteligente, carisma, expressivo), o mkt potencializa-o; se ele for mau, pode disfarçar-se, mas mais cedo ou mais tarde pode ser descoberto (são os chamados “produtos de marketing”); se ele tiver algumas qualidade pode aprender (media training); se não tiver qualidades suficientes, isso virá à superfície depois de ganhar (ou seja, em campanha é possível fabricar um candidato; depois no poder ele revelar-se-á – embora a campanha, se for desgastante, também possa ajudar a evidenciar fragilidades); Santana Lopes; Fernando Collor de Melo; Alguns casos: Aznar: cinzento, sem carisma, resultado de uma operação politica; Blair: politico dotado de carisma e capacidade para lidar com os media;

10) Algumas ideias sobre a construção de uma estratégia de Marketing Político:
- detecção das necessidades (gerais ou concretas; especificas a um determinado publico-alvo)
- escolher com o candidato os temas e as mensagens-chave (traduzidas pelo candidato em sound bites – frases curtas e acutilantes que serão manchetes na comunicação social); os grafismos, os suportes; como vão aparecer em público, os timings da comunicação, óculos (inteligente/antipatico); as cores mais atractivas, o cabelo, a voz, a posição do corpo, a forma como falam (ritmo), os movimentos das mãos, os comícios/encenações, as músicas! Miterrand limou os dentes caninos, vagamente vampirescos; chamam a tudo isto a politica-espectaculo; mas há alternativa?
- as sondagens podem aparecer na fase de detecção das necessidades (saber o que é que os eleitores querem que se diga/faça) e na fase final (monitorizar o impacto do que se fez; está a resultar?); atenção: as sondagens encomendadas pelos próprios candidatos e que depois divulgadas representam quase sempre uma forma de manipulação;

Nota final: há quem não goste da expressão “marketing político” por que isso parece o mesmo que vender políticos, como produtos de grande consumo; mas não é disso que se trata?

domingo, 23 de março de 2008

4ª aula (9/4)

Sumário: aula prática sobre comunicação de crise

Será pedido aos alunos que constituam grupos de dois ou três e que, perante um caso que lhes será apresentado, imaginem uma resposta - o que fazer perante uma crise de comunicação.
(trata-se de uma aula prática, para discussão colectiva, cujo exercício, mesmo corrigido, não será tido em conta para a nota semestral)

3ª aula (2/4)

Sumário: Criar «factos políticos» (as manobras de diversão e os pseudo-acontecimentos como elementos das estratégias de comunicação)

1) Partindo do pressuposto de que toda (ou quase toda) a informação que chega aos jornalistas é fabricada, construída, manipulada (nem que seja porque apenas uma parte é fornecida/comunicada), visando determinados objectivos (a estratégia de comunicação previamente definida), é importante ver que formas há de manipular essa informação (é a matéria deste semestre).

[NEM SEMPRE MANIPULAR É O MESMO QUE ENGANAR; ou seja, não é só por si um sinónimo de desonestidade (manipular no sentido de alterar a realidade ao gosto do protagonista para assim a apresentar ao jornalista); outras vezes é…]

2) A afirmação dos protagonistas na comunicação social faz-se através da elaboração de estratégias de comunicação, que devem ter sempre em conta a necessidade de ocupar o espaço mediático, que é finito e disputado por muitos (ou seja, com mais ou menos frequência alguém terá de ficar de fora) - aquilo que poderia ser designado por teoria da ocupação do espaço; o press release é muitas vezes apenas a face visível (ou uma das faces visíveis) dessa estratégia

3) NO FUNDO, há duas questões que se podem pôr:
-O que fazer para conseguir que aquele espaço que está destinado ao assunto que me interessa seja preenchido por mim e não por outros? Nas fases c) e d) da EC (aula anterior);
- O que fazer para que aquele espaço que está destinado ao assunto que NÃO me interessa seja ocupado de outra forma?

A respostas passam por:
- encontrar valor mediático para as iniciativas, mas por vezes isso não basta (porque não há, porque há pouco comparativamenteou porque os jornalistas não se interessam); (é também preciso prender a atenção dos jornalistas àquilo que estamos a fazer (sendo criativos na forma como comunicamos a estratégia/a mensagem); surge então aquilo que vulgarmente é designado por ‘factos políticos’:

Quando esse valor mediático é pequeno e é necessário artificializá-lo, dando-lhe uma força que de outra forma não teria (uma espécie de dramatização factual e formatada para a linguagem jornalistica), estamos perante pseudo-eventos (ou pseudo-acontecimentos);

Quando o que é conveniente é desviar as atenções do que aconteceu ou do que está para acontecer, estamos perante ‘manobras de bastidores’; nestes casos, a estratégia passa por desviar a atenção dos jornalistas, criando factos que são apenas “cortinas de fumo” e que obrigam a comunicação social a olhar para outros lados, porventura desviando-se do essencial (popularmente conhecidos como «factos políticos»): sabe-se por exemplo que os jornais de sábado são usados para difundir notícias negativas (passam mais despercebidas e há menos atenção à actualidade…). «A notícia deve ser divulgada à comunicação social possivelmente no fim da noite, de sexta para sábado, de modo a dar o menos tempo possível para elaborar a notícia, fazendo-a, por conseguinte, chegar quando também os espaços de redacção já foram atribuídos» («A retirada do produto» in Lampreia (2002). Gestão de Crise. Lisboa: Hugin Editores, pág. 98). Ou «It is an old political tradition to dump unpopular news on Friday, because fewer people are reading newspapers or watching television news over the weekend»

4) O essencial é ocupar o espaço (neste caso ocupar os jornalistas), nem que seja com outras coisas, porque assim já não se ocupam com outras coisas… (um jornalista é um ser humano – finito e limitado…)
Uma citação:«Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais» (extraído de “Armas silenciosas para guerras tranquilas” )», a partir deste texto, onde se podem encontrar várias informações sobre esta questão (numa perspectiva radical) ; versão original
Um caso: no dia 11 de Setembro de 2001 uma assessora do governo britânico enviou aos seus colegas um e-mail dizendo que aquele era um bom dia para difundir más notícias na comunicação social; passariam despercibidas entre os relatos dos atentados (foi despedida);Ligação externa: http://www.telegraph.co.uk/news/main.jhtml?xml=/news/2001/10/10/nmoor10.xml
(VOLTAREMOS A ESTE ASSUNTO MAIS ADIANTE)

5) Sobre os pseudo-acontecimentos (ou pseudo-eventos): o conceito foi inventado por Daniel Boorstin (a partir do ensaio “The Image”, de 1961).Algumas características a partir de uma citação de Estrela Serrano (As presidências abertas de Mário Soares, Minerva, Coimbra, 2002, pág. 23)«Sem a ajuda dos jornalistas os políticos não poderiam criar os eventos que lhes trazem poder e notoriedade. Os jornalistas são, nesta matéria, aliados dos políticos. Uma grande percentagem das notícias publicadas na imprensa, rádio e televisão inclui informação baseada em “pseudo-acontecimentos” que Boorstin (1961) define como possuindo as seguintes características: não são espontâneos; surgem porque foram planeados; são criados para serem cobertos pelos media; o seu sucesso mede-se pela amplitude da sua cobertura; a sua relação com a realidade subjacente à situação é ambígua e, geralmente, funcionam como uma auto promoção. Os próprios jornalistas consideram que os media noticiosos concedem demasiada atenção a eventos, com prejuízo da investigação própria». Os pseudo-eventos fazem, portanto, parte das estratégias de comunicação (quando são pensadas, e em função da avaliação das necessidades/dificuldades previsíveis na transmissão da mensagem, pode fazer sentido criar um pseudo-evento, para reforçar a probabilidade de que os jornalistas noticiem)

6) Os pseudo-acontecimentos são, muitas vezes, uma espécie de falsa realidade, construída por quem tem algum interesse nisso com o objectivo de tornar “obrigatória” a publicação por parte dos jornalistas! As conferências de imprensa agora são às oito da noite...

Outra citação:«Qualquer instituição, um governo, um partido, mesmo uma pessoa individual, pode preparar um evento com o objectivo de lhe dar existência através da imprensa, da rádio ou da televisão, assim como também estes meios promovem factos noticiosos em benefício da sua própria imagem (embora servindo também o interesse público). Este tipo de acontecimentos foi identificado no início dos anos 60 pelo ensaista e historiador norte-americano, recentemente falecido, Daniel Boorstin, que os designou de ‘pseudo-acontecimentos’. No seu livro ‘A Imagem’, Boorstin atribui algumas características fundamentais ao ‘pseudo-acontecimento’, designadamente o facto de não ser espontâneo e de ser criado com o objectivo de garantir a sua própria difusão. Sondagens de opinião, debates, conferências de imprensa constituem exemplos desta categoria de factos, segundo o criador do conceito. O que significa que muitas das notícias e informações que diariamente circulam são, ou resultam de, ‘falsos’ acontecimentos.»Joaquim Furtado, Público 12/9/06 http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=294voz006

7) Um exemplo de pseudo-evento – a fuga de informação:«A “fuga” tornou-se uma instituição, sendo um dos processos mais usados na transmissão de informações por parte das fontes oficiais. Boorstin define a “fuga” como um meio, através do qual uma fonte oficial com um propósito bem definido, fornece uma informação, faz uma pergunta ou uma sugestão. Mais que um anúncio direto, a “fuga” presta-se muito melhor a esconder determinados objetivosA “fuga” é o pseudo-evento por excelência. Na sua origem e crescimento, a “fuga” ilustra outro dos axiomas do mundo dos pseudo-eventos: um pseudo-evento produz novos pseudo-eventos. A “fuga” começou como uma prática ocasional de uma fonte oficial transmitir informação confidencial a alguns jornalistas. Hoje, tornou-se uma maneira institucional de transmitir informação. A sua ambigüidade e o ambiente de confidência e intriga em que se processa criam um clima de confiança entre jornalistas e fontes. As regras respeitantes ao “off record” e à atribuição das fontes são especialmente importantes no caso das “fugas” de informação». Estrela Serrano, «Jornalismo e elites de poder», ciberlegenda, nº 12, 2003; Leitura complementar: http://teocomuni.blogspot.com/

domingo, 16 de março de 2008

2ª aula (19/3)

Sumário: a construção e afirmação de uma estratégia de comunicação

CONTEXTO:
- num cenário de elevada concorrência (em que os receptores têm elevada oferta – comercial ou política – de produtos e de mensagens), torna-se necessário sofisticar a mensagem, aumentando a criatividade, reforçando a subtileza, envolvendo diversas ferramentas; conseguir chamar a atenção dos meios de comunicação social e, por extensão, da opinião pública - não estamos a falar das mensagens simples, aquelas que são postas através da publicidade ou das relações públicas (um press release enviado aos jornais), mas daquelas que se tornam mais complexas como forma de garantir que cheguem aos destinatários;
- quanto mais ambiciosa é a mensagem (é o objectivo), mas complexa (E SUBTIL, quanto à origem) será a forma como a mensagem vai aparecer quer aos jornalistas quer à opinião pública;
- é a isto que se chamam planos de marketing, planos de comunicação, estratégias de comunicação ou de marketing (denominações similares).

Nota: as agências de publicidade também designam por plano de comunicação a difusão pelos diferentes órgãos de comunicação dos seus anúncios (mas não é desses planos simples, básicos, que estamos aqui a falar).

ESTRATÉGIA sobretudo no sentido de pensar uma mensagem (ou mais do que uma) a médio e longo prazo, sem ser para resolver um caso em cada momento, recorrendo a diversas ferramentas do marketing;
- há diversas empresas de relações públicas que apresentam, entre os seus serviços, o aconselhamento ou planeamento estratégico. Isto significa que estão envolvidas desde a fase de selecção das mensagens (o que dizer) até à escolha dos órgãos de comunicação (onde dizer), passando inevitavelmente pela forma como essas mensagens chegarão aos jornalistas (como dizer; como fazer com que esta mensagem se torne tão inevitável que ele terá de a publicar); a melhor forma é dar-lhe valor mediático (ser notícia), mas isso pode não ser suficiente; ser mais criativo poderá ser uma alternativa.

DESENVOLVIMENTO (teórico e esquemático) DO PROCESSO:
a) detecção das necessidades/objectivos/vontades e definição dos públicos-alvo;
b) definição de uma ou mais ideias-chave (quantas mais pior), uma delas poderá/deverá a assinatura/slogan/tagline/etiqueta (o slogan há-de relevar a ideia-chave);
(alguns exemplos internacionais e outros em língua portuguesa)
c) criar suportes para essas mensagens (onde e como é que vão aparecer; uma festa? Uma viagem? Um patrocínio? Uma visita à fábrica? Um exclusivo?);
d) analise dos meios/órgãos a que devemos recorrer para transmitir a mensagem;
e) concretizar o plano de comunicação (pôr em prática essas ideias ao nível da comunicação, elaborar os suportes, organizar o contexto que suportará as mensagens);
f) monitorizar o impacto dessa comunicação
(não existe apenas uma metodologia, a maior parte das vezes os passos não são tão estanques/claros e noutros casos até se saltam alguns passos - sobretudo na política; noutros, a elaboração poderá ser ainda mais sofisticada, pelo menos teoricamente)

- alguns exemplos que serão demonstrados:
1) A Sonaecom tentou comprar a PT e não hesitou, além da disponibilidade para falar à comunicação social, para colocar anuncios na comunicação social; para tentar influenciar;

2) A empresa 3M criou um novo vidro, de grande resistência e segurança (Security Glass). Como o divulgar? Um anúncio num jornal ou numa revista ou mesmo um spot de televisão a dizer que é muito resistente? É mais publicidade, é mais do mesmo (falta de credibilidade). A 3M e os seus consultores de comunicação decidiram que era preciso mais e pensaram uma estratégia de comunicação: colocaram numa estação de autocarro uma caixa de vidro com dinheiro (verdadeiro?) dentro. Os jornalistas foram chamados para verem/filmarem a reacção das pessoas, que tentavam partir os vidros,sem o conseguirem. O impacto foi enorme. Com pouco dinheiro gasto. Houve uma estratégia de comunicação que resultou; Ligações: http://www.flamintiki.com/mtype/archives/2005/02/3m_security_gla.php e http://www.henry.eti.br/pagina.php?IdPagina=248

3) um caso (simples…) na política: “o candidato da CDU [Santiago do Cacém], então presidente com maioria relativa, decidiu apostar numa estratégia de longo prazo. Um ano e meio antes das últimas autárquicas, a LPM.com efectuou um diagnóstico, com direito a diversas pesquisas. "Quando chegou o período da campanha eleitoral propriamente dita, já tenho a minha sentença traçada”, conta João Tocha. Intenção de voto freguesia a freguesia, características sócio-culturais, principais problemas do concelho e percepção das pessoas em relação à capacidade da autarquia para resolver as questões fundamentais transformaram-se em dados estatísticos "fundamentais" para traçar uma estratégia e escolher "bandeiras de campanha". "Também é importante testar a notoriedade do presidente, bem como a dos vereadores. Temos que perceber se há cabeças a cortar e escolher quem colocamos nos cartazes", diz, com um sorriso, João Tocha. Afinal a estratégia funcionou. E o candidato ganhou. (Lúcia Crespo, “Já não há políticos profissionais sem planos de «marketing» definidos”, Jornal de Negócios, 7/11/05, pág. 38)

Em resumo:
- mesmo o press release pode ser apenas a face visível (uma das faces visíveis) de uma estratégia que começou antes, nos bastidores, e que se revelará de diversas formas na opinião pública;
- estratégia de comunicação significa que a mensagem que chega aos jornalistas não é um acto inocente e voluntarioso dos assessores de imprensa; significa por um lado a profissionalização e a sofisticação das relações públicas e significa por outro que quanto mais sofisticada e subtil é a comunicação – em resultado de uma estratégia bem desenhada – mais dificilmente o jornalista conseguirá resistir à publicação ou a ‘aderir’ à estratégia.

Texto aconselhado aos alunos: «Como elaborar a estratégia de COMUNICAÇÃO»

domingo, 9 de março de 2008

1ª aula (12/3)

Sumário:
- notas sobre a avaliação do semestre anterior (relatório, frequência, exame e oral)
- principais correcções a fazer (ideias mais erradas; desfazer equivocos)
- notas sobre o programa do segundo semestre
- indicação sobre o novo blogue de alojamento http://ecdois0708.blogspot.com/
- notas sobre a avaliação de «Os Homens do Presidente» (mudanças: online e novo objectivo: comentar/desenvolver a seguinte afirmação: «a comunicação de crise é inconveniente para os políticos»)

domingo, 2 de março de 2008

Plano de aulas para o semestre

1ª 12/3 Balanço do semestre anterior
2ª 19/3 As estratégias de comunicação
3ª 26/3 Criar pseudo-factos
4ª 2/4 Aula prática (alunos serão desafiados para elaborar uma estratégia de comunicação a partir de um caso, na aula, em grupos de três)
5ª 9/4 Marketing político
6ª 16/4 Analise da realidade portuguesa
7ª 23/4 Campanhas negativas e a utilização da internet
8ª 30/4 Filme Boris
9ª 7/5 Casos de manipulação
10ª 14/5 O 'Spinning' da informação
11ª 21/5 Filme Manobras na Casa Branca
12ª 28/5 'Spin doctor' real
13ª 4/6 Revisão das matérias
14ª 11/6 Apresentação do trabalho online Os homens do Presidente
15ª 18/6 Balanço final do ano lectivo

Novo semestre, novo blogue

Este blogue substitui aquele que foi usado no primeiro semestre - e com o qual tive algumas dificuldades de relacionamento - para inserção da matéria mais relevante, dos respectivos sumários, de ligações para desenvolvimento e notas sobre a avaliação.